sexta-feira, 8 de maio de 2009

Recursos Educacionais Abertos (REAs) em Portugal

No sentido em que os REAs se destinam a contribuir para aumentar o acesso ao conhecimento, é importante que tenhamos conhecimento das potencialidades dos REAs, de forma a sermos capazes de tomar decisões informadas sobre se e como os REAs podem ser usados na nossa realidade local.
Pelo que é importante que se aumente as acções de sensibilização sobre os REAs.


  • De que forma é que Portugal se está a envolver em todo este processo?
No post, em baixo, é apresentada a 3ª CONFERÊNCIA SOBRE O ACESSO LIVRE AO CONHECIMENTO, que se realizou na Universidade do Minho, nos dias 15 e 16 de Dezembro de 2008, que visou aprofundar o conhecimento, a reflexão, o debate e a troca de experiências sobre o Acesso Livre e em que foram discutidas problemáticas relacionadas com o acesso livre: o reconhecimento e acreditação dos data que são produzidos e disponibilizados em repositórios de acesso livre e a sua sustentabilidade.



Este post começa por definir “Open Access” como um espaço na internet que permite ler, descarregar, copiar, distribuir, imprimir, pesquisar ou referenciar o texto integral dos documentos. Descreve que, na sequência de outras duas conferências sobre o tema, a 3ª conferência visa aprofundar o conhecimento, a reflexão o debate e a troca de experiências sobre o Acesso Livre, contando com a participação de dirigentes universitários, investigadores e académicos, bibliotecários, gestores de repositórios e outros interessados nesta temática.
Esta preocupação pela partilha do conhecimento, pela concepção de que a inclusão científica leva a uma maior inclusão social e a um maior acesso à informação não é de hoje, mas de facto o acesso livre e os repositórios digitais, que o adoptam, viabilizam o livre fluxo de informação e a sua distribuição para um público ampliado.



  • Qual é a realidade portuguesa no que diz respeito à utilização de Recursos Educativos Abertos?

  • Existem, em Portugal, à semelhança de outros países, nomeadamente o Brasil, repositórios de REAs?


Responder a estas questões relevou-se uma tarefa difícil, uma vez que, na pesquisa que realizei, encontrei essencialmente posts reflexivos sobre os prós e contras da utilização de REAs, enquanto que o que tinha em mente passava pela parte prática deste movimento. Por esta razão, considero o post, em baixo, muito interessante, pois permite acesso a um repositório português, o Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (RCAAP), que, neste momento, conta com 20.000 documentos académicos e científicos referenciados.





Este post descreve os objectivos do projecto RCAAP: aumentar a visibilidade, acessibilidade e difusão dos resultados da actividade académica e de investigação científica nacional e facilitar o acesso à informação sobre a produção científica nacional em regime de “open access”, bem como integrar Portugal num conjunto de iniciativas internacionais neste domínio. Descreve, também, a evolução do projecto RCAAP que, num espaço de quatro meses, aumentou em cerca de 50% o número de documentos. Este resultado, como é mencionado no post, é impressionante e revelador da importância e da necessidade da criação de espaços que permitam o acesso livre a recursos.




  • De de que forma, em Portugal, se procuram, partilham e adaptam OERs?

Finalmente, e enquanto professora do ensino básico, procurei, também, posts que facultassem materiais de livre acesso que possam ser compartilhados, adaptados e disponibilizados aos alunos. E também aqui a tarefa se revelou difícil, porque embora existam muitos materiais disponíveis on-line, grande parte deles não permite a adaptação. No post, em baixo, é referenciado o Projecto do GAVE “Banco itens” que , no âmbito do Plano de Acção para a Matemática, disponibiliza um banco com mais de 2500 itens de Matemática, para todos os níveis de ensino. Sendo que, neste momento, já foi estendido a outras disciplinas do ensino básico.

Embora, seja possível copiar, distribuir, exibir e executar a obra, só é possível fazê-lo sob as seguintes condições: Atribuição — deve dar-se crédito ao autor original, da forma especificada pelo autor ou licenciante; Uso Não-Comercial — não se pode utilizar esta obra com finalidades comerciais; Vedada a Criação de Obras Derivadas — não se pode alterar, transformar ou criar outra obra com base nesta.

Na página electrónica do GAVE, os alunos têm a possibilidade de testar os seus conhecimentos, respondendo aos itens. Na área reservada aos professores é possível a criação, com base nos itens disponíveis, de trabalhos para casa, fichas para aulas de substituição, entre outros. Desta forma professores e alunos encontram aqui uma ferramenta de apoio ao ensino e à aprendizagem.


Apesar da produção e utilização de Recursos Educacionais Abertos estar a expandir-se rapidamente, existem poucas utilizações reais. Como é referido numa publicação da
UNESCO, Open Educational Resources: The Way Forward, The academic community has always shared knowledge, and the scientific method and peer review processes are based upon this approach. However, the availability of content in digital format facilitates significantly its sharing and the ease of adaptation, localization and translation, should it have an open license”.



Assim, é importante que exista, não só, uma reflexão por parte da comunidade portuguesa da importância dos REAs, enquanto instrumentos para a difusão e universalização do conhecimento, mas também é necessário passar-se à práctica, ou seja, aglomerar esforços no sentido de permitir criar, utilizar e adaptar recursos educacionais abertos, que poderá passar pela criação de mais repositórios de REAs e por uma maior divulgação dos diversos aspectos envolvidos num REA, nomeadamente:

  • Deve ter-se em conta o objectivo a que nos propomos alcançar com o nosso REA, assim como as características do nosso público-alvo;
  • Saber encontrar e conhecer as ferramentas correctas para as aplicar no processo e saber construir o conteúdo adequado para aplicar no tempo exacto da aprendizagem.
  • Saber conciliar um REA com o processo de ensino / aprendizagem.
  • Conhecer os diversos tipos de licença que podem ser atribuídos ao recurso criado.
  • Ter consciência de que a partilha depende da forma de publicação do REA.
  • Saber adaptar um REA, que poderá passar por inserir e/ou remover um item, alterar a sequência das actividades, editar e misturar imagens, textos, áudio e vídeo, de modo a adaptar o REA ao estilo do educador e às necessidades dos alunos.

Mas esta minha incursão pelos REAs de e em Portugal deixou-me uma questão: o RAACP é disponibilizado gratuitamente às instituições científicas e do ensino superior na FCCN (Fundação para a Computação Científica Nacional) e, para o Ensino Básico e Secundário existem projectos deste tipo?

7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Olá Teresa, é verdade. No “nosso” Portugal e concretamente na área do Ensino Básico e Secundário, a “cultura” dos REA, pouco ou nada se encontra implementada, pois o conhecimento da existência destes recursos, ainda se encontra limitado a uma pequena “elite”, mais interessada e empenhada pelas TIC. Por outro lado, a mentalidade de partilha de recursos, tem grande dificuldade em “entrar” no dia-a-dia da classe docente.
    Talvez a nossa missão, como parte integrante desta pequena “elite”, seja a de ajudar a divulgar e partilhar os REA.

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  3. Olá Teresa
    Parece que a nossa preocupação é semelhante.
    Por um lado, o desconhecimento dos REAs e por outro, a dificuldade em os encontrar.
    Sem se ultrapassarem estas duas barreiras, muito dificilmente poderemos passar para outro patamar.
    No entanto, de todas as leituras que tenho feito, chego sempre a um outro factor importante para que os REAs tenham sucesso e divulgação: Mentalidade.
    Sem trocarmos o nosso sentimento de posse pelo de partilha e colaboração, tudo será muito difícil.
    Concordo convosco, quando referem que temos um papel fundamental nessa mudança.
    Eduarda

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  4. Parabéns pela busca no "jardim à beira mar plantado".
    Na realidade, face às dificuldades particularmente financeiras, entre outras, com que as escolas públicas se debatem, a aposta neste tipo de ferramentas seria um caminho inteligente a seguir. A isto acresce a natural predisposição que maioria dos alunos tem para as novas tecnologias, pelo que teríamos 2 em 1.
    Contudo, parece-me a classe docente se debate com uma enorme falta de tempo, e acredito mesmo que por vezes, com uma enorme falta de motivação para desenvolver projectos a este nível.
    Entendo que uma solução “top down” do ME, agindo este como motivador e orientador do seu uso, seria uma boaforma de potenciar o uso das TIC na sala de aula do Básico e Secundário.

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  5. Gostei de ler este post!
    Aliás entre a leitura e a consulta de link’s investi aqui algum tempo. Foi agradável, nomeadamente porque também considero importante o conhecimento sobre o potencial dos OER’s «de forma a sermos capazes de tomar decisões informadas sobre se e como os REAs podem ser usados na nossa realidade local». Mas também porque versa muito sobre a realidade portuguesa, que considerava muito afastada desta realidade. Com a leitura deste post e dos link’s mudei um pouco de opinião e o RCAAP será certamente um sítio a visitar com frequência.
    Por último, a referência a que uma maior partilha de conhecimento, leva não só a uma maior inclusão científica, mas também social é, de facto, uma mais-valia que os OER’s podem trazer à vida do cidadão concreto.

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  6. Olá Teresa.

    Também sou professor do 2º ciclo do ensino básico a fazer tese de mestrado precisamente acerca dos OER's, e mais especificamente realizando um caso de estudo na minha escolas e tentando implementar os OER's no meu agrupamento. A Experiência está no bom caminho e o sucesso prevê-se viável. No estabelecer nos Agrupamentos de Escolas um novo paradigma de aprendizagem baseado nos OER's, é esse o objectivo. No entanto, nada encontro em Portugal que possa servir de base de trabalho ou estudo... e tanto se vai fazendo já por esse mundo fora...
    Bem irei passando e quem quiser participar, ajudar ou apoiar... esta será nos próximos tempos a minha demanda pessoal: colocar os OER's a funcionar de facto nos nossos agrupamentos de escolas :-) Utopia?!? Acredito que não e ... de sonhos vive o homem :-)
    Já agora, fica o meu mail para a quem possam interessar estas dinâmicas: paulopereira@aminhaescola.net
    E o nosso Moodle completamente "Open": www.aminhaescola.net/moodle
    Até breve.
    Paulo Pereira.

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  7. Deixo duas sugestões.

    A primeira: www.casadasciencias.org (portal Gulbenkian para professores das áreas científicas). Recomendo muito. Muito mesmo.

    A segunda: https://www.portaldasescolas.pt (portal institucional, para professores de todas as áreas). Vencido algum enjôo causado pela propaganda ínsita, vale a pena mantê-lo em favoritos, para ver no que vai dar.

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